Lá vinha eu transitando pelo eixo monumental quando me deparei com um cavalo negro diante da Câmara Legislativa. Mas o que faria aquele belo animal bem no centro da capital federal? Fiquei esperando para ver se o quadrúpede se movia correndo elegantemente como nas famosas cenas dos filmes de cowboy, mas nada aconteceu. Não dava um passo sequer. Aquela estranha imobilidade começou a me incomodar e, rapidamente, trouxe uma ponta de desespero. Os carros passavam e os motoristas pareciam não notar que aquele cavalo não estava se movendo. Não era possível. Havia algo muito estranho em seu comportamento. Será que somente eu percebia o drama do pobre animal? Um certo temor, relacionado a uma sombria desconfiança começou a tomar conta dos meus pensamentos e, não demorou muito, eu já estava tomado de pânico. Diante do trágico, em situações de desespero, os homens costumam orar. E foi o que me restou: Deus Pai, Todo Poderoso, reparador de iniquidades, cure esse pobre animal e permita que saia a galopar para bem longe, muito longe! Abri os olhos. Aaaaaahhhhhhh!!!!!!! Ainda estava lá. Meus temores se confirmaram. Era uma estátua, uma escultura, um enorme monumento negro a sei lá o quê. Prosseguindo a série de horrores que tem assolado a arquitetura de Brasília, agora havia a estátua de um cavalo diante da Câmara Legislativa.
Definitivamente, apesar de toda minha imaginação, não consigo matar essa charada. O que diabos um cavalo e a Câmara Legislativa têm em comum? Nada contra a obra em si, mas, a estátua de um cavalo ficaria mais bem posicionada no parque de exposições da Feira Agropecuária. Será que erraram o endereço e o animal permanece lá porque ninguém o notou? Será que caiu de algum caminhão de mudança? Ou, pior, será que a população, desanimanada com as constantes mazelas da casa, desistiu de vez do que acontece dentro e fora dela? Seria razoável.
Enquanto ninguém toma uma atitude para encaminhar o equino a paragem mais adequada, ele permanece lá, compondo um pavoroso cenário, juntamente com as bandeirolas amarelas e as bolas de aço do Memorial JK. E lá se vai a moderna arquitetura de Brasília rumo ao inferno medonho.
Faço um apelo aos nobres deputados: ou tirem de lá a cavalgadura, ou a coloquem para dentro e permitam que também paste na verdejante grama do plenário!
A vida é realmente bela!
PS: Os Deputados, talvez por medo da concorrência, decidiram pela primeira opção.
A vida é realmente bela!
PS: Os Deputados, talvez por medo da concorrência, decidiram pela primeira opção.
3 comentários:
Não reparou que é um balanço?
Muito bom! Adorei!
Bjs
Levei o mesmo susto. Deles nao podemos esperar explicacoes.
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